O escritor maranhense Aluísio de Azevedo nasceu no dia 14 de abril de 1857. Nascido em São Luís de Maranhão, foi para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como caricaturista de jornais políticos e humorísticos como O mequetrefe, O Fígaro e Zig-zag. Depois, durante boa parte de sua vida, dedica-se a carreira literária, sendo um dos únicos romancistas brasileiros a viver exclusivamente de literatura. Enquanto publicava romances naturalistas, também escrevia folhetins românticos em diversos jornais. Em 1895, ingressou na carreira diplomática. Faleceu em Buenos Aires, em 1913.
O escritor maranhense publicou, em 1881, O mulato, romance de denúncia, obra pioneira do Naturalismo no Brasil, apesar de O coronel sangrando (1877), de Inglês de Sousa. Aluísio Azevedo realiza uma ferrenha crítica contra o preconceito racial, enfatizando a adaptação do mestiço à sociedade. Além de O mulato, outras obras naturalistas do escritor são Casa de pensão (1884), O coruja (1885), O homem (1887) e O cortiço (1890).
Aluísio Azevedo foi um romancista social, cujo propósito era tecer uma interpretação das camadas marginalizadas da população brasileira, tanto nas províncias como o Maranhão, como a capital Rio de Janeiro.
Sua primeira obra de destaque é O mulato, publicado pela tipografia O País, que encontrou o bastante hostilidade na imprensa do Maranhão. Antes disso, ele tinha apenas escrito o romance romântico Uma lágrima de mulher (1879) e algumas peças de teatro.
O mulato trata dos problemas ocorridos devido ao romance de Raimundo e Ana Rosa. Apesar de alguns resquícios românticos, para a composição da narrativa, o conflito é gerado pelo problema da miscigenação e do preconceito racial, construído pela perspectiva naturalista.
O romance O cortiço é a obra-prima de Aluísio de Azevedo e do naturalismo brasileiro. Publicado em 1890, retrata o Rio de Janeiro como um grande centro urbano em plena transformação, entre os anos de 1872 a 1880.
A história é desenvolvida a partir do cortiço de propriedade de João Romão, narrando a vida de seus moradores e vizinhos. João Romão é um português pobre, mas que ambiciona uma ascensão social. Ele chegou ao Brasil desprovido de quaisquer recursos, mas, ao longo dos anos, à custa de bastantes atos desonestos em seu pequeno comércio, ao perceber que a procura por moradia crescia, constrói três casas para alugar, e a partir dessas, outras são construídas. Assim surge o cortiço. O sucesso do seu negócio deve-se à sua capacidade de adaptação, que simultaneamente lhe permite aderir aos valores do capitalismo nascente e moderno, apesar da cidade ser palco de uma sociedade patriarcal e racista.
Em O cortiço, apesar da figura de João Romão com a ambígua história de sua ascensão social, representar o fio narrativo que une diversos personagens, não há apenas um protagonista. Não há heróis, não há idealização. Os protagonistas são todos os personagens que moram no cortiço, ou seja, o próprio cortiço é o centro da narrativa.
Além do cortiço, há o sobrado vizinho que é explorado pelo burguês Miranda. Os personagens desses núcleos convivem e se entrelaçam. Em primeiro plano, temos a história de João Romão e sua busca desmedida por lucro e, paralelamente, temos a história dos miseráveis moradores do cortiço, que têm suas existências determinadas pelo ambiente no qual vivem. Os temas principais do romance são a ambição e a exploração do homem pelo próprio homem.
A narrativa transcorre em alguns bairros do Rio de Janeiro, mas seu foco está no cortiço de João Romão, situado em Botafogo. O retrato do cenário é descrito de modo realista, mostrando a sujeira, a promiscuidade, porém o autor se solidariza com as pessoas retratadas nesse ambiente.
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