Antônio Sales, aniversariante de hoje, nasceu em 13 de junho de 1868, no vilarejo praiano Parazinho, do Município de Paracuru. Muito jovem, veio para Fortaleza, onde trabalhou no comércio e depois na administração pública estadual. Foi Secretário do Interior e Justiça do governo do Coronel Bezerril Fontenele e Deputado à Assembleia do Estado (1893-1896). Transferindo-se para a Capital Federal, ali ocupou importantes funções no Tesouro Nacional, tendo a esse tempo militado na imprensa do Rio, onde publicou, em folhetins, o seu belo romance AVES DE ARRIBAÇÃO (em volume, 1914). Privou da amizade das mais altas figuras intelectuais, como Joaquim Nabuco, Machado de Assis, João Ribeiro e muitos outros. Regressando ao Ceará, após vinte anos de ausência, passou a residir em Fortaleza, de onde, por unânime consenso, dirigia a vida literária cearense, como Presidente efetivo e depois Presidente de Honra da Academia Cearense de Letras. Faleceu em 14 de novembro de 1940. Grande poeta e trovador, mostrou-se também um humorista e satírico de primeira ordem. Como prosador, manejava com destreza e brilho a língua vernácula. Figura de proa do movimento intelectual do Norte, com projeção decisiva na literatura nacional, Antônio Sales foi uma das glórias do patrimônio espiritual do Ceará. Fundador e elemento central da Padaria Espiritual, da qual era Padeiro-mor, com o "nome de guerra" — Moacir Jurema.
Publicou, além dos livros citados: Versos diversos, 1890; Trovas do Norte, 1895; Poesias, 1900; Minha Terra, 1919, sua obra-prima poética; Águas Passadas, 1944, edição póstuma, dirigida por Faustino Nascimento — todos de poesia. Em prosa: Aves de Arribação, 1914, Retratos e Lembranças (Reminiscências literárias, 1938). Com o pseudônimo de Martins Soares, publicou O babaquara, sobre a oligarquia Accioly.
Texto adaptado de Raimundo Girão, Dicionário da Literatura Cearense.
Quadro: Otacílio de Azevedo.
Na foto, a 2° edição do livro Retratos e lembranças de Antônio Sales, editado pela Secult em 2010, com a coordenação editorial de Raymundo Netto e organização e revisão de Sânzio de Azevedo.
Esse livro, publicado em 1938, é um dos mais importantes de A. SALES, um dos fundadores da Padaria Espiritual.
Composto por textos que antes saíram em jornais, é formado por deliciosas crônicas e páginas memorialísticas, em que o escritor conta histórias sobre inúmeras escritores, poetas, jornalistas e amigos. Ele fala sobre Juvenal Galeno, Mané Coco, Rodolfo Teófilo, Antônio Bezerra, além de Machado de Assis, José Veríssimo, Joaquim Nabuco, Coelho Neto. Inclusive, falas das panelinhas literárias, sobretudo, a da Academia Brasileira de letras.
Há um importante texto que trata da Padaria Espiritual, que é uma das bases do roteiro do meu livro Padaria Espiritual em quadrinhos.
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