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Breve comentário sobre o gênero Fábula


Fábula (palavra derivada do latim "fari" - falar e do grego "phao" - dizer) é uma forma narrativa breve que, tal como o apólogo e a parábola, tem o propósito de ensinar virtudes aos homens. Suas personagens são animais falantes que se comportam como humanos. Nela, as situações narradas sempre denunciam os erros de comportamento que resultam na exploração do homem pelo homem. No universo cultural ocidental, considera-se como primeiro fabulista de prestígio o escravo grego Esopo (século VI a. C.).


Äsop (Esopo). Data 1639-1640. Diego Velásquez


Esopo, escravo liberto, foi o introdutor da fábula na Grécia (séc. VI a.C) na tradição escrita. Seu repertório é constituído de inúmeras fábulas e apólogos. Seus textos, além de divertir, tinham o objetivo de educar a alma, através de enredos alegóricos, cujas tramas eram desenvolvidas por animais. No final de cada fábula, havia uma lição moral. Séculos depois, um monge grego chamado Planúdio, no século XIV, reuniu os textos do fabulista e publicou a obra Vida de Esopo. Outro autor de fábulas de destaque é o romano Fedro, que atuou no século I a.C. Enquanto as fábulas de Esopo primavam pela astúcia, as de Fedro eram amargas e pessimistas, refletindo alegoricamente o contexto histórico romano em que viveu.


Ilustração de Jean de La Fontaine

No século XVII, na França, o escritor francês Jean de La Fontaine foi responsável por popularizar o gênero em toda Europa.


La Fontaine publica, no ano de 1668, a obra Fábulas Escolhidas. O livro é uma coletânea de 124 fábulas, dividida em seis partes. La Fontaine dedicou esse livro ao filho do rei Luís XIV. Na verdade, ele não elaborou novas fábulas, o que fez, com bastante maestria, foi recontar as fábulas da tradição greco-latina, revisitando Esopo e Fedro. As fábulas foram moldadas num estilo clássico, transformadas em instrumentos satíricos. O autor francês critica o caráter e os costumes da época, utilizando os animais para retratar os vícios e as maldades dos homens. Os animais se constituíram, ao longo do tempo, em símbolos seculares. Por exemplo, o leão apesar de representar nobreza, também simboliza a tirania e o despotismo, a raposa simboliza a esperteza, a formiga o trabalho, etc.



A raposa e as uvas, ilustrado por Milo Winter, em uma antologia de Esopo (1919).

Exemplo de Fábula: A raposa e as uvas, de Esopo

Uma raposa estava com muita fome e viu um cacho repleto de uvas numa rama. Quis pegá-lo, mas não conseguiu. Ao afastar, disse para si mesma: - Estão verdes. O homem que culpa as circunstâncias fracassa e não vê que o incapaz é ele mesmo.



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