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Farias Brito - Academia de Letras ou de Tretas?



Polêmica de Candidatura do filósofo Farias Brito na Academia Brasileira de Letra.


Com o falecimento de Sílvio Romero, em 18 de junho de 1914, a cadeira número 17 da ABL ficou vaga. Farias Brito se candidata, mas é derrotado por Osório Duque Estrada.


Na década de 1910, Farias Brito tinha a intenção de publicar uma revista, fato que só o fez, em novembro de 1916, após a sua derrota na eleição para a ABL. Com o título de O panfleto, escreveu um radical desabafo contra a mediocridade e falta de ética de seu contexto literário e político. O panfleto caiu como uma bomba no Rio de Janeiro e a recepção foi devastadoramente negativa.


Além dos jornalistas, a sua pena afiada se dirige aos Homens de Letras e à ABL, num insulto tão devastador para tirar toda a aura de sacralidade que tenta arvorar para si.


Homens de letras – eis uma raça que, entre nós, prolifera de uma maneira espantosa. Literatos temos de todo o tamanho e de todos os feitios. Alguns há que se apresentam sob a forma de urso; outros, de cobras, répteis ou víboras danadas. Alguns fazem a figura do jaboti; outros, a do cágado; e ainda outros, a da lesma ou do porco. A Academia Brasileira, por exemplo, não sei bem se de letras ou de tretas, dá bem, disto, uma prova colossal e magnífica. Um de seus membros já chamou aquilo de curral. Curral, que certamente, não deve ser de bestas, nem de vacas, mas onde o ilustre acadêmico (Carlos de Laet, e este é ilustre de verdade, e um dos mais ilustres) desejava ver o efeito que havia de produzir a entrada de um touro bravo (Emílio de Menezes). E melhor se poderia chamar a Academia, para falar em linguagem menos zoológica, alojamento de pedantes e nulos que, nada valendo, imaginam poder valer alguma coisa através daquela ficção já desfeita e completamente desmoralizada, de parte alguns homens de valor, poetas, tenho o mais vivo prazer em dizê-lo de alto merecimento e brilhantes escritores e também sábios e políticos que ali ainda existem, mas que, sem dúvida, já se devem sentir enojados daquela corja (BRITO, 1916, p. 29).

*Pintura por Otacílio de Azevedo.





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