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Italo Calvino e As cidades Invisíveis


"As cidades invisíveis", obra do escritor italiano Ítalo Calvino, foi publicada pela primeira vez com o título "Le città invisibili", em novembro de 1972 pela editora Einaudi de Torino.

O livro é uma compilação de breves relatos descritivos de cidades imaginárias, oriundas das viagens do explorador italiano Marco Polo. As histórias de cada cidade são narradas a Kublai Khan, imperador dos Tártaros que, através das histórias do explorador, pretende conhecer seu vasto território. São cinquenta e cinco cidades classificadas em onze séries e reagrupadas, por sua vez, em nove capítulos que misturam diferentes séries, que são organizadas assim: as cidades e a memória, as cidades e desejo, as cidades e símbolos, as cidades delgadas, as cidades e as trocas, as cidades e os olhos, as cidades e o nome, as cidades e os mortos, as cidades e o céu, as cidades contínuas e as cidades ocultas.

As narrativas sobre as cidades fazem que o imperador melancólico compreenda que seu grandioso poder conta pouco em um mundo que caminha para a destruição. Por isso ele recorre ao "Outro", ao estrangeiro Marco Polo que lhe fala dessas cidades impossíveis, por exemplo, uma cidade microscópica que se alarga e acaba sendo formada por muitas cidades concêntricas em expansão, uma cidade teia de aranha suspensa sobre um abismo, ou uma cidade bidimensional como Moriana (Calvino, 1983).

Em 29 de março de1983, Italo Calvino proferiu uma conferência no curso "Graduate Writing Division", da Universidade de Columbia, em Nova Iorque, depois publicada com o título "Italo Calvino on "Invisible Cities" na "Columbia: A Journal of Literature and Art", Nº 8, 1983.

Acerca do livro, ele declara que é um dos últimos poemas de amor às cidades, pois a cada dia é mais difícil de se viver nos espaços urbanos. Calvino complementa que "talvez estejamos nos aproximando de um momento de crise na vida urbana e "cidades invisíveis" são um sonho que vem do coração de cidades invisíveis" (1983). O escritor ressalta que o livro não evoca apenas uma ideia atemporal de cidade, mas promove uma discussão sobre a cidade moderna.

Atualizando para o nosso contexto, em meio à globalização desenfreada, aos grandes problemas sociais, políticos, econômicos, ecológicos, sanitários que enfrentamos, é preciso ter em mente o porquê do surgimento das cidades. Elas são feitas por pessoas que se aglomeraram para que juntas possam revolver os seus problemas, na constante e difícil construção de um modelo viável e coerente de cidade. Contudo, as grandes desigualdades persistem atrozmente.

No texto da conferência, Calvino salienta que: "o que importa para o meu Marco Polo é descobrir os motivos secretos que levaram os homens a morar nas cidades, motivos que podem valer para além de todas as crises" (1983).

Mesmo que as descrições das cidades geométrica e milimetricamente tecidas por uma prosa poética, além dos diálogos entre Marco Polo e Kublai Khan, o livro nos convida a refletir sobre o desenvolvimento urbano: o que desafios fundamentais que a cidade contemporânea deve enfrentar? O que queremos para a nossa cidade? Como a literatura pode nos ajudar a enfrentar as crises?






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