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Para Ortega y Gasset somos fundados em crenças




Para o filósofo espanhol Ortega Y Gasset, somos fundados mais em crenças do que em ideias, ou seja, incorporamos convicções que chegaram prontas das gerações que nos antecederam como verdades, sem refletir muito.


Na sua obra “Em torno a Galileu”, ele afirma: “encontrando-nos vivos, não nos encontramos apenas entre as coisas, mas entre os homens; não só na terra, mas na sociedade. E esses homens, essa sociedade em que caímos por viver já tem uma interpretação da vida, um repertório de ideias sobre o universo das convicções atuais” (Em torno a Galileo).


Em outra obra publicada em dezembro de 1934, intitulado “Ideias e crenças”, Ortega y Gasset nos convida a superar o que ele chama de um estado de espírito “absurdo”, para alcançar um estado de “pensamento”.


O estudioso recomenda esse caminho para criar nossas próprias ideias, estabelecendo claras diferenças entre ideias e crenças. As crenças nos são impostas de forma muito sutil: escutando, expondo-nos a repetições, quase sempre direcionadas. Ele argumenta que as crenças não são o resultado de reflexões, mas que são regularmente as ideias dos outros que dão sentido às nossas vidas sem que percebamos. “Não são ideias que temos, mas ideias que somos”, explica o filósofo.


Ou seja, as pessoas encontram em suas convicções raízes sólidas como se fosse uma árvore em cima da qual elas constroem sua história, sua maneira de ser e viver. Mudar e mexer com essas raízes é extremamente difícil! Quando temos que abrir mão de nossas convicções ficamos extremamente ansiosos e inseguros, somos forçados a adentrar uma densa e escura floresta de dúvidas. E quando o homem duvida, ele começa a pensar. São nos interstícios das crenças em que surgem o pensamento, as ideias. Observar, aprofundar, analisar, refletir são ações que nos levam a cultivar nossas próprias ideias.


A ousadia é a matriz da criatividade e da mudança. Na medida em que as ideias se consolidam, nos ajudam a mudar também nosso comportamento. Novas atitudes nascem das novas ideias, que nascem de um período crítico de dúvidas e depois da coragem de enfrentar todas essas novas condições que criamos ao nosso redor e que irão exigir novos posicionamentos.





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