Pintura de Charles Baudelaire (1848) by Gustave Courbet
Elencamos, alguns pontos, técnicas e questionamentos pertinentes e preliminares de como analisar os textos literários em prosa de ficção.
Antes de mergulhar direto em sua análise do simbolismo, dicção, imagens ou qualquer outro recurso retórico, você precisa ter uma compreensão dos elementos básicos do que está lendo. Quando lemos crítica ou analiticamente, podemos, primeiramente observar personagem, enredo, cenário e tema como elementos de superfície de um texto. Além de observar o que são e como conduzem uma história, às vezes não prestamos muita atenção a esses elementos. No entanto, os personagens e suas interações podem revelar muito sobre a natureza humana. O enredo pode atuar como um substituto para eventos do mundo real, assim como o cenário pode representar o nosso mundo ou um mundo alegórico. O tema é o coração da ficção, explorando tudo, desde o amor e a guerra até a infância e o envelhecimento. Com isso em mente, você pode começar seu exame da ficção com as perguntas: quem, o que, quando, onde, como? Pergunte a si mesmo: "Quem são os personagens?", "O que está acontecendo?", "Quando e onde isso está acontecendo?" e "Como isso acontece?". As respostas darão a você o personagem (quem), o enredo (o que e como), o cenário e o tempo (quando e onde). Ao colocar essas respostas juntas, você pode começar a descobrir o tema e terá uma base sólida para basear sua análise.
Exploraremos vários dos seguintes elementos literários nas páginas a seguir, de modo que possamos ter um vocabulário comum para falar sobre ficção: tom, personagem, enredo, configuração, narração, dispositivos retóricos, tema, imagens e símbolos.
Espaço: o cenário é uma descrição de onde e quando a narrativa acontece.
Que aspectos compõem o cenário?
Qual o papel do cenário na história? É uma parte importante do enredo ou tema? Ou é apenas um cenário em que a ação ocorre?
Tempo: pode ser cronológica, em que a história transcorre de modo linear, ou psicológico/subjetivo, que transcorre na mente das personagens, sonhos, alucinações etc.
Quando a história foi escrita?
Ocorre no presente, no passado ou no futuro?
Como o período de tempo afeta a linguagem, a atmosfera ou as circunstâncias sociais.
Personagens: a caracterização trata de como os personagens são descritos.
Que tipo de personagens são?
Como são descritos fisicamente? Os pensamentos e sentimentos?
Como são os diálogos?
Interação - qual a maneira como eles agem em relação a outros personagens?
São personagens estáticos que não mudam?
Eles se desenvolvem até o final da história?
Quais qualidades se destacam?
Eles são estereótipos?
Os personagens são verossímeis?
Enredo: é a sequência de eventos que compõem a história.
Quais são os eventos mais importantes?
Como o enredo está estruturado? É linear, cronológico ou se move para frente e para trás?
Existem pontos de inflexão, um clímax e/ou um anticlímax?
A trama é verossímil?
Narrador e ponto de vista: o narrador é a pessoa que conta a história, enquanto o ponto de vista são os olhos (perspectiva) de quem conta a história
Quem é o narrador ou locutor da história?
O narrador é o personagem principal?
O autor fala por meio de um dos personagens?
A história é escrita no ponto de vista "eu" da primeira pessoa?
A história é escrita em uma terceira pessoa "onisciente" que pode revelar o que todos os personagens estão pensando e fazendo em todos os momentos e em todos os lugares?
Conflito: a tensão que é proposta como obstáculo ao protagonista da narrativa.
Como você descreveria o conflito principal?
É interno em que o personagem sofre internamente?
são externos causado pelo ambiente ou ambiente em que o personagem principal se encontra?
Tema: é a ideia principal, lição ou mensagem da narrativa. Geralmente é uma ideia universal sobre a condição humana, sociedade ou vida, para citar alguns.
Como o tema transparece na história? É explícito ou implícito?
Existem elementos repetidos que podem sugerir um tema?
Que outros temas existem?
Estilo: refere-se ao uso do vocabulário, uso de imagens, tom, figuras de linguagem, sintaxe. Tem a ver com a atitude do autor em relação ao assunto. Em alguns romances e contos, o tom pode ser irônico, humorístico, frio ou dramático.
Como o autor trabalha as figuras e recursos de linguagem?
O autor usa símbolos ou alegorias?
Como o autor trabalha a sintaxe, o léxico e o ritmo das frases?
A análise literária de um romance, conto ou novela, frequentemente, será na forma de um artigo, resenha, resumo, ensaio ou relatório de livro, em que será solicitado que se emita opiniões sobre uma obra. Para concluir, escolha os elementos que mais o impressionaram. Indique quais personagens chamaram mais a sua atenção. Tente ver o romance como um todo e tente fazer uma análise equilibrada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COMPAGNON, Antoine. O demônio da teoria: literatura e senso comum. Tradução Cleonice Paes Barreto Mourão e Consuelo Fortes Santiago. Belo Horizonte: UFMG, 2010.
CULLER, Jonathan. Teoria literária: uma introdução. Trad. Sandra Vasconcelos. São Paulo: Beca Produções Culturais, 1999.
FRYE, Northrop. Anatomia da crítica. Trad. Péricles Eugênio da Silva Ramos. São Paulo: Cultrix, 1973.
JOBIM, José Luiz (Org.) Palavras da crítica: tendências e conceitos no estudo da literatura. Rio de Janeiro-RJ: Imago, 1992.
JOUVE, Vincent. Por que estudar literatura? Trad. Marcos Bagno e Marcos Marcionilo. São Paulo: Parábola, 2012.
MERQUIOR, José Guilherme. As ideias e as formas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981.
MOISÉS, Massaud. Dicionário de termos literários. São Paulo: Cultrix 11ª ed., 2002.
PORTELLA, Eduardo. Fundamento da Investigação Literária. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1974.
ROGER, Jérôme. A crítica literária. Rio de Janeiro: Difel, 2002.
SAMUEL, Rogel. Manual de Teoria Literária. (Org.) Petrópolis: Vozes, 1985.
SILVA, Victor Manuel de Aguiar e. Teoria da Literatura. 8ª ed. Coimbra: Almedina, 1991.
SOUZA, Roberto Acízelo de. Iniciação aos estudos literários. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
WELLEK, René; WARREN, Austin. Teoria da literatura e metodologia dos estudos literários. Trad. Luís Carlos Borges. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
Comments