A pergunta pode parecer inoportuna, no entanto, ela merece ser perguntada. Em programas de ensino sobrecarregadas, é legítimo reservar um tempo para o estudo de textos de definição incerta e cuja função é constantemente questionada?
Ressaltamos que não se pode refletir sobre o interesse e o valor de uma obra literária sem levar em conta sua condição de objeto de arte. O texto literário não é um objeto cultural entre outros, nem um simples fato da linguagem. Participante no campo artístico, último espaço onde vale tudo, é beneficiada por uma flexibilidade extraordinária que permite as pessoas explorarem as potencialidades de suas existências e antecipar o conhecimento que virá.
No âmbito escolar, como outras matérias e disciplinas, a literatura tem seu lugar na vida cotidiana. Muitas disciplinas têm seus papéis a desempenhar na sociedade, embora a maioria deles tenham aspectos transversais que todos esses campos compartilham. A literatura, não é um campo separado, contudo, tem suas idiossincrasias e também tem funções a desempenhar.
Não apenas autores de formação marxista apontam esse fato, mas, de modo crítico, a literatura é uma das formas de consciência social. E, de fato, a literatura dialoga com a vida em todos os seus aspectos. O filósofo francês Jean Paul Sartre nos diz em seu ensaio, "O que é literatura" (1949), que o assunto da literatura é o homem no mundo; ela recria e performatiza seus sentimentos e emoções; suas necessidades; seus relacionamentos com a sociedade; suas próprias contradições e suas possíveis respostas a todos esses aspectos.
Portanto, uma das mais importantes funções da literatura é discutir esses aspectos das relações humanas. Através da literatura, o homem expressa as suas angústias, esperanças, sonhos, medos, ideias e paixões.
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