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Úrsula - Maria Firmina dos Reis


Maria Firmina dos Reis, nascida em 1822 e falecida em 1917, foi uma escritora maranhense, professora, musicista e fundadora da primeira escola mista no Brasil. Atualmente, é considerada a primeira mulher negra a publicar um romance no Brasil, Úrsula, em 1859.


Segundo o pesquisador Eduardo de Assis Duarte, até poucas décadas atrás, era desconhecida para a maioria dos brasileiros. Publicado com o pseudônimo “uma maranhense” e numa província distante da Corte carioca, essa múltipla condição de mulher, negra, bastarda, nordestina ocasionou o desinteresse e o silêncio da crítica especializada da época.


Ainda, segundo Duarte, ela não aparece nas histórias literárias de Sílvio Romero e José Veríssimo e, posteriormente, o “romance está ausente das páginas de Antônio Candido, Afrânio Coutinho, Lúcia Miguel Pereira, Nelson Werneck Sodré e Alfredo Bosi, entre outros” (2018).


A situação mudou quando o bibliófilo Horácio de Almeida encontrou um exemplar de Úrsula em um sebo no Rio de Janeiro. A escrita da autora lhe despertou atenção e em 1975 publica a segunda edição da obra. O romance é precursor da temática abolicionista na literatura brasileira, pois antecede a poesia de Castro Alves e a publicação de Escrava Isaura, de 1875, romance de Bernardo Guimarães.


Ela trabalhou no ensino entre 1847 a 1881. Foi bastante atuante na imprensa maranhense, contribuindo em jornais como A imprensa, Semanário Maranhense, Echo da Juventude, O domingo e A pacotilha, todos de São Luís do Maranhão. Nos seus textos, fica patente a defesa da causa abolicionista e busca por igualdade entre brancos e negros, inclusive entre homens e mulheres. Por conta dos vários conflitos associados à sua condição, nutriu uma mentalidade romântica, engajada e melancólica. O que a diferencia dos outros romancistas da época, é que o seu tratamento dado ao problema da escravidão é da perspectiva feminina e negra, ou seja, o lugar de fala, o olhar e a voz do ‘outro’, tantas vezes silenciadas.

Texto escrito a partir da leitura de Úrsula e do artigo “Maria Firmina dos Reis e os primórdios da ficção afro-brasileira”, por Eduardo de Assis Duarte, no portal Literafro, da UFMG.

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